Social

Pessoas Surdas e a Inclusão

Falar sobre surdez é extremamente necessário, pois aqui no Brasil há um grande público e pouco se fala sobre o assunto. De acordo com dados do IBGE, existem 10 milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva, sendo que 2,7 milhões não ouvem nada. Para acabar com a barreira que segrega pessoas surdas foi criada a Língua Brasileira de Sinais. A Lei nº 10.436 tornou a Libras a segunda língua oficial do Brasil, e determina ainda que os órgãos públicos e empresas vinculadas ao governo tem por dever promover a inclusão dos surdos e disseminar a Libras, porém aLíngua Brasileira de Sinais ainda é desconhecida para a maioria dos brasileiros. Em nosso país existem milhares de pessoas surdas, mas esses dados parecem não ser suficientes para mudar a realidade em que vivemos. Historicamente, a vida das pessoas surdas sempre foi extremamente difícil, pois eles eram segregados, confundiam a surdez com outras deficiências, viviam escondidos, e muitas vezes trancados pela própria família, por acharem que eles eram incapazes. Por não conseguirem expressar seus desejos e vontades, há menos de um século o Código Civil considerava os Surdos incapazes, e estes precisavam ter um representante determinado por um juiz para conseguirem exercer seus direitos. Através da Língua Brasileira de Sinais o Surdo tem conquistado seu espaço, mas ainda existem algumas barreiras, como a exclusão que acontece com muita frequência, os surdos por muitas vezes são considerados fracassados e incapazes. Infelizmente a falta de conhecimento por parte da sociedade predominantemente ouvinte, que não se propõe a compreender como se dá o processo de formação pessoal, social e profissional das pessoas surdas acaba dificultando ainda mais a possibilidade de evolução da sociedade como um todo.  O fato dessa língua ser natural para o surdo, mostra que ela precisa ser aceita e utilizada não só por eles, mas pela família, pelos amigos e pela sociedade em geral.

“As crianças que não são expostas a uma língua, através das relações sociais, do diálogo, não internalizam todo o instrumental linguístico necessário para o desenvolvimento do pensamento, provocando assim dificuldades cognitivas, como a possibilidade de falar sobre assuntos ausentes ou abstratos que é um dos elementos da língua…” (GODFIELD, 1997, p.102).

Compreender como se dá o processo de inclusão do Surdo, respeitando sua língua materna, é o primeiro passo para que pessoas surdas tenham uma real possibilidade de viver em sociedade de forma independente e digna. 

Autor(a): Ana Paula Rocha Intérprete de Libras na ADP